domingo, 16 de janeiro de 2011

Pague para Assinar, Reze para Cancelar

Ainda existe isso de *deixar*  de assinar revistas?
As revistas que assino são como aquelas velhinhas gosmentas e solitárias, vendo a morte chegar de forma rápida e iminente, que se agarram aos seus tornozelos quando você tenta se levantar pra sair:
"não, meu filho, fica só mais um pouquinho, pelamordedeus!"
A diferença é que sinto empatia pela velhinha.
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Apesar de detestar papel acumulando na minha casa, a United me mandou uma simpática e intimidadora cartinha avisando que minhas milhas iriam expirar se eu não as usasse - mais uma empresa torcendo meu braço para me forçar a fazer o que quer. Enfim, a coisa mais barata para usar minhas milhas era assinatura de revistas.
Assinei The New York Magazine, The New Yorker, The Economist, Time, Wired - até mesmo Diabetes Forecast.
Confesso que é ocasionalmente bom ter as revistas pra ler, mas é sempre desesperador ver aquela pilhas de revistas não-lidas crescendo. Dado que posso lê-las de graça na internet ou na biblioteca quando quiser, cheguei ao ponto em que assinatura de revista não vale a pena nem mesmo de graça.
Pois bem. Mal chegaram os primeiros exemplares, começaram a chegar também os pedidos desesperados para eu ou renovar a assinatura ou dar uma assinatura de presente para amigos, ou ambos.
Óbvio que não renovei, nem vou renovar. É impossível eu pagar pra alguém mandar papel velho pra minha casa. Eu pagaria, talvez, pra não mandarem. Pagaria, com certeza, pra levarem os exemplares velhos já lidos.
As assinaturas todas já eram pra ter acabado em abril de 2010 - mas as revistas continuam chegando. O horror, o horror!
O pior é que eles me dão esperanças. Mandam cartas dizendo que esse é o último aviso. Que é minha última oportunidade de renovar sem perder nenhum exemplar. Que se eu não renovar agora, vou ficar com minha coleção incompleta para sempre. Última chance, último aviso!
No começo, eu me permitia ter esperanças, sabe? Quando recebi a primeira "última chance", meu coração se iluminou. Pensei:
que delícia, basta eu não fazer nada e vão parar de mandar papel velho pra minha casa!
Mas não. Não era pra ser. Nos meses seguintes, minhas humildes esperanças foram sendo progressivamente levantadas e destruídas, criadas e aniquiladas. Uma angústia mental desesperante.
Parece que estou na Máfia. Pague para entrar, reze pra sair. Assinar é fácil, cancelar é impossível. Daqui, só se sai morto.
Por que isso?
Imagino que hoje as receitas de publicidade devem ser muito maiores que das assinaturas. Então, as editoras provavelmente preferem dar a revista de graça do que ter que passar pela vergonha de dizer ao anunciante que sua publicidade vai atingir 10% menos pessoas do que no trimestre anterior - e menos 20% que no ano passado, e menos 50% que na década de noventa.
Alguém tem uma explicação melhor?
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Em um país tão litigioso, não deve demorar muito para algum advogado empreendedor processar as editoras por publicidade enganosa e predatória:
"Meritíssimo, por vezes e mais vezes essas editoras inescrupulosas despertaram minhas esperanças, com promessas enganosas de "última chance", somente para depois destruir essas mesmas esperanças, de forma cruel e perversa. Pela angústia mental que essa situação me causa, exijo uma indenização de dois milhões de dólares e - mais importante - que parem de enviar sua revista maldita para minha casa!"
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